quarta-feira, 20 de julho de 2011
FESTA NÃO SERÁ REALIZADA NA CIDADE
Jornal da Cidade, 20 de julho de 2011
Conselho e promotor se mobilizam contra festa de universitários
Lilian Grasiela
Piratininga – O Conselho Municipal Antidrogas (Comad) de Piratininga (13 quilômetros de Bauru) está organizando um abaixo-assinado para evitar que o município seja palco de nova edição da festa universitária Carnatlética, organizada pela Atlética da Unesp de Bauru. O movimento conta com apoio de autoridades como Ministério Público (MP) e Polícia Civil, que alegam que a cidade – de 12 mil habitantes – não tem estrutura para receber cerca da 9 mil estudantes num só dia.
As duas últimas edições da festa – em novembro de 2009 e 2010 – foram realizadas em um clube de Piratininga e, segundo o presidente do Comad, Milton Lucas, acarretaram inúmeros transtornos aos moradores. “É uma festa praticamente do tamanho da cidade, que gera uma série de dificuldades no trânsito. A Polícia Militar não sabe como trabalhar nesse contexto e o hospital da cidade tem dificuldades de atender a demanda que a festa gera”, afirma.
A partir da discussão do assunto na última reunião plenária do órgão, realizada este mês, conselheiros do Comad e MP se posicionaram de forma contrária a uma nova edição da festa no município. O Comad, então, resolveu organizar o abaixo-assinado para que a população seja ouvida. “Nós vamos encaminhar (o documento) para o Ministério Público e, a partir da iniciativa dele, esperamos que prefeitura, Judiciário e Polícia Militar sejam ouvidos e tomem uma decisão juntos”, diz.
Segundo Lucas, a festa tem como um de seus principais atrativos o Open Bar, ou seja, o fornecimento de bebida alcoólica à vontade para todos os que pagaram o ingresso. “O que discutimos em plenário é que nossa comunidade está em-penhada há um ano na campanha antidrogas 'Piratininga É da Paz', onde a redução do consumo de álcool é uma das nossas principais metas” diz.
“Receber este evento, que estimula o consumo irresponsável de bebidas alcoólicas, é incoerente com nossos esforços e uma péssima influência para os jovens de nossa cidade”. O documento já está circulando na cidade desde a semana passada. Os interessados em assiná-lo podem procurar a sala do Comad, localizada no prédio da prefeitura, onde funcionava a antiga estação ferroviária, ao lado do Banco do Povo.
Falta de estrutura
A promotora de Justiça de Piratininga Flávia Maria José Bovolin conta que o abaixo-assinado encabeçado pelo Comad vai complementar o trabalho contrário à realização da festa na cidade que já vem sendo desenvolvido pelo MP. Segundo ela, foram solicitados documentos à Coordenadoria Municipal de Saúde, Polícia Militar e Polícia Rodoviária. “No meu entender, a cidade de Piratininga não comporta um evento nem dessa natureza e nem dessa proporção”, declara.
A promotora revela que as duas últimas edições da festa foram realizadas à revelia de qualquer autoridade do município. Os problemas registrados no trânsito, de acordo com ela, foram inúmeros. “No ano passado, muitos jovens saíram dirigindo embriagados e a Polícia Militar não tinha condição de abordar todo mundo, de prender todo mundo”, afirma. “Não teria pátio suficiente na cidade para encaminhar todos os veículos”.
Além disso, Bovolin revela que o consumo excessivo de bebida alcoólica por parte dos jovens acabou sobrecarregando o Pronto-Socorro local. “Corria-se o risco de deixar de atender uma demanda da cidade por conta dos atendimentos”, diz. “Eu estou fazendo um levantamento comprovando que, tanto na área de saúde, quanto na área de segurança pública, a cidade não comporta a festa. E esse abaixo-assinado vai trazer um pouco a vontade da população”.
A promotora deixa claro que, neste ano, os organizadores da festa Carnatlética procuraram o MP para conversar. “Eu já sinalizei que era contrária a esse tipo de evento e que não era a minha intenção surpreendê-los com uma liminar de última hora”, explica. “Somente se ele insistirem, se for necessário, eu entrarei com uma ação judicial pedindo uma liminar para que não se realize a festa”.
O diretor de eventos da Atlética da Unesp, Lucas de Lima Mota, ficou sabendo da organização do abaixo-assinado pelo Jornal da Cidade. “A gente até teve conhecimento que algumas autoridades eram contra e algumas autoridades eram a favor. Algumas autoridades defendiam a Carnatlética porque é um jeito de muitas pessoas conheceram a cidade”, diz.
Ele confirma que, neste ano, os integrantes da Atlética da Unesp procuraram o MP antes da realização da festa para saber qual era o posicionamento do órgão em relação ao assunto. “Eles deram uma explicação para nós sobre o porquê de não podermos fazer a edição lá e a gente entendeu o lado deles”, pontua.
Mota garantiu que, diante da mobilização de algumas autoridades de Piratininga, neste ano a festa não será realizada na cidade.
Fonte: JC Online
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